quarta-feira, 16 de março de 2011

RESENHA CRÍTICA DO FILME TROPA DE ELITE



O filme "Tropa de Elite" é terrível: um soco no fígado mais dolorido do que o "oscarizado" "Traffic".
Ele é nauseante, frenético, um dos melhores filmes de ação que já vi! Um dos melhores filmes nacionais que já assisti! 
Há momentos em que a gente não quer ver mais nada, mas, ao mesmo tempo, é impossível não ser absorvido pelo roteiro, pela agilidade da câmera, pelas interpretações excepcionalmente convincentes dos atores. E que safra maravilhosa: a começar por Wagner Moura! 
Todo o universo do tráfico está lá: os que vendem, os que compram, os que se vendem e os poucos que o combatem de fato. 
Ele mostra como a juventude pode ser facilmente aliciada pelo tráfico; o ridículo dos que usam drogas como uma forma de enfrentar o sistema, quando é desse tipo de alienação que ele se nutre e prolifera. Afinal, a juventude destruída não ameaça o status quo. 
O pior é que a introdução ao vício normalmente é feita por "amigos", que geralmente "sobrevivem", enquanto os que recebem essa "amizade" descem aos infernos. Começa com o cigarro, em seguida vem o álcool e, depois, ladeira abaixo... 
Em outro vértice desse polígono de dominação perversa, o filme estigmatiza a polícia comum, que é apresentada de forma deprimente: mal aparelhada, mal remunerada, mal gerida. Isso é condição, tradição ou projeto?
Contra tudo isso, o filme mostra um BOPE carioca implacável, extremamente violento como a ROTA paulista de outrora. Isso preocupa quando pensamos em tal poder nas mãos erradas. Mas de que outra maneira é possível enfrentar alucinados cruéis e sanguinários, que aliciam e viciam crianças; que as iniciam no crime?
Nesse sentido, mais do que a repressão violenta ao crime, o que assusta e saber que políticos se associam ao tráfico para financiar suas campanhas; que corruptos nos esbofeteiam e sufocam diariamente; torturam e matam sem piedade apenas para se "darem bem"; que leis penais frouxas permitirem a proliferação do crime organizado. 
Se existem soluções radicais é porque as causas não foram combatidas no tempo devido e por quem de dever, muito mais que de direito. Por isso viraram epidemias! Nesse contexto, o BOPE não é mostrado como cura, mas remédio que elimina a doença junto com o doente: único temor e terror dos marginais fora de seu círculo multiplamente vicioso. Sem ele os marginais teriam medo de quê? 
O BOPE é uma conseqüência de políticas públicas; de pais que fecham os olhos para os passos de seus filhos; e de jovens que confundem liberdade com burrice. Por tudo isso, se a Tropa de Elite carioca é como no filme, vale perguntar, embora ainda chocado com as cenas: qual é a alternativa imediata e efetiva para tornar esse modelo repressor desnecessário? 
Longe de atribuir-lhes ares quixotescos, o fato é que esse tipo de policial parece estar só numa guerra que afeta a todos nós. 
É por isso que Tropa de Elite incomoda, mas é imperdível! 

Um comentário:

  1. Prof. Aline, acredito que você, como professora, deveria estudar um pouco mais antes de escrever comentários tão ignorantes e preconceituosos. O uso de drogas acompanha a história da humanidade, não é um fenômeno recente, muito menos financiado pela classe média. Vale a pena dar uma olhada em Eschotado, Mac Rae, entres outros especialistas que estudam o uso de drogas.

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